O presidente Jair Bolsonaro voltou a enviar recado aos servidores públicos que ele considera "revoltados" por não ter reajuste salarial neste ano. O presidente chegou a comparar a indignação da maioria dos servidores, com salários congelados há mais de cinco anos, a de um filho revoltado por não receber o presente escolhido no Natal.
"É no mínimo uma comparação esdrúxula, mas que retrata bem o desrespeito desse governo para com os servidores desde o seu primeiro dia", comentou o secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo da Silva. "Sim, seguimos revoltados com todo o desmonte, o desrespeito com servidores e os ataques sistemáticos desse governo aos direitos da população a serviços públicos", reforçou o secretário-geral.
Entre os dias 4 e 7 de julho, servidores vão promover mais uma Jornada de Luta em Brasília. As atividades incluem vigílias, recepção a parlamentares e força tarefa pela recomposição dos orçamentos, reposição salarial, negociação coletiva e contra as privatizações.
Sobre os motivos de não conceder os 5% que ele e até mesmo seu ministro da Economia anunciaram como possível para 2022, Bolsonaro recorreu à pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia e a "ganância da Petrobras" como justificativas. O presidente voltou a declarar: "Me aponte onde tem dinheiro que eu dou".
Para entidades representativas dos servidores públicos só não terá reposição salarial porque Bolsonaro não quer. Na Lei Orçamentária, foram destinados R$ 37,6 bilhões para emendas parlamentares, dos quais R$ 16,5 bilhões são do "orçamento secreto", além de R$ 2 trilhões para pagar os juros da dívida pública. "A ponte de Bolsonaro é somente uma : a ponte da destruição. É rumo ao retrocesso", aponta Sérgio.
Para os que acompanham a saga de idas e vindas e promessas vazias sobre reajuste para o funcionalismo, as declarações não chegam a representar uma surpresa. "Promessas infundadas se respondem na rua, na luta e na urna. É o que os servidores devem fazer", diz Sérgio. O foco dos servidores deve continuar sendo o de defender os serviços públicos brasileiros. "Queremos resgatar políticas públicas, concursos públicos, resgatar direitos", defende o secretário-geral.
